O deputado estadual Edegar Pretto (PT) usou o espaço do grande expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (23), para abordar o tema em defesa da democracia, da legalidade e contra o golpe.
O parlamentar defendeu o Estado democrático de direito, e chamou os demais deputados e deputadas para uma reflexão conjunta sobre a importância de evitar um golpe institucional no Brasil. “Não dá para ignorar a fase política que vivemos, mas nossa ainda jovem democracia necessita de maturidade. Entendemos que nenhum partido está imune neste modelo político existente no país”, avaliou.
Com a presença de representantes de movimentos sociais, centrais sindicais e convidados, Edegar citou o golpe militar de 1964 contra o governo de João Goulart. Disse que a redemocratização foi uma vitória do povo construída com muito sofrimento e perdas. Lembrou de testemunhas da ditadura no Rio Grande do Sul, como João Carlos Bona Garcia e Índio Vargas, presos e torturados, além de mandatos cassados como os do prefeito Sereno Chaise, em Porto Alegre, e dos vereadores Dilamar Machado e Glênio Peres, entre outros. “Não se iludam. Não há nada que justificasse o golpe em 64, e não há nada que justifique o pretendido golpe agora, pois as consequências são incertas e perigosas”, alertou.
Impeachment
O deputado ressaltou que os atuais acontecimentos políticos do país são na verdade uma tentativa ‘sórdida’ de não aceitar a vitória da presidenta Dilma Rousseff nas urnas. “Para quem acredita na democracia, a única forma de se chegar ao poder é pelo voto, e a próxima eleição presidencial será em 2018”, afirmou.
Em relação ao impeachment contra a presidenta Dilma, defendeu que não há nenhum fato com base jurídica que sustente o atual processo na Câmara. O deputado avalia que as chamadas pedaladas fiscais são instrumentos utilizados por qualquer gestor público, do prefeito ao presidente. “É mais uma invenção da oposição inconformada com o resultado das eleições para manter o terceiro turmo”, disse.
Ao citar na tribuna a perseguição ao ex-presidente Lula, questionou as ações ilegais do juiz Sérgio Moro, e disse que Lula é vítima da fúria fascista. O parlamentar ainda criticou a “tolerância seletiva de Moro”, que estaria, segundo ele, não só rasgando a “Constituição como também todas as regras legais, incentivado por parte da mídia e de setores conservadores”. “O ex-presidente e sua família tem tido a vida devassada e exposta de forma ilegal com objetivo de desmoralizá-lo politicamente. A tentativa na verdade é para inviabilizar Lula para 2018”, afirmou.
O deputado ainda citou a manutenção do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que ‘mentiu sobre suas contas bancárias em paraísos fiscais’, e que ‘não explica a origem de milhões de reais nessas contas’. “Ele está lá presidindo a Casa Legislativa nacional que irá julgar o processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Que moral tem esse cidadão”, disparou.
Criminalização dos partidos
Em relação ao PT, Edegar Pretto disse que dirigentes e militantes seguem com os mesmos compromissos que têm desde a sua fundação. “Sempre combatemos a corrupção, e não aceitamos as condutas individuais que mancharam a imagem, a história e a honra do nosso partido”, declarou. Disse ainda que não aceita a criminalização do PT, dos partidos e da política. “Repudiamos o desserviço que boa parte da grande mídia está realizando ao demonizar a política. Criminalizam os partidos como se somente nas casas políticas residisse a corrupção”, observou.
Ainda se referindo ao tema das investigações, o deputado declarou que defende as instituições e as investigações, mas que sejam isentas de ódio político. “Não vamos aceitar que rasguem a constituição e sapateiem na democracia. A corrupção tem que ser combatida, mas sem enganações ou vazamentos ilegais com intuito de causar o caos no país”, frisou.
O espaço do grande expediente foi encerrado com a convocação aos movimentos sociais para estarem novamente nas ruas de todo país no próximo dia 31 de março, em defesa da democracia. Em Porto Alegre, o ato será às 17 horas na Esquina Democrática, no centro da capital. Reforçou que a bancada do PT na Assembleia, junto com partidos aliados, diretórios e um conjunto de movimentos sociais da Frente Brasil Popular, seguem mobilizados para evitar o golpe institucional. “Estamos na trincheira contra o golpe, e não não vamos sair das ruas. Não entraremos para a história como uma geração covarde que não defendeu a nossa nação no momento necessário”, concluiu.
Apartes
Manifestaram-se, em apartes, os deputados Stela Farias (PT), Juliano Roso (PCdoB), Regina Becker Fortunati (Rede) e Ibsen Pinheiro (PMDB).
Manifestaram-se, em apartes, os deputados Stela Farias (PT), Juliano Roso (PCdoB), Regina Becker Fortunati (Rede) e Ibsen Pinheiro (PMDB).
A mesa do grande expediente foi composta pelos seguintes convidados: Amarildo Pedro Censi, representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT); Vicente Selistre, vice-presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB); Salete Carollo, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Giovani Culau Oliveira, diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE); Bagre Fagundes, folclorista e integrante do Movimento Cultural em Defesa da Democracia; e Milton Silas Simas Junior, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul.
FOTO: LEANDRO MOLINA
Leandro MolinaAssessor de Comunicação
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